quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

PUBLICAÇÕES

Veja mais dos meus trabalhos nos seguintes sites:

www.recantodasletras.com.br/autores/syl

DIA 30 de dezembro leia TRAPÉZIO no site:

http://3ammagazine.com/brasil

POESIA


TEMPO DE AMAR!


Amores não morrem
Amores transcendem
São luzes na ribalta
Flores na janela da alma
Ilusões de adolescente
Ciúme do olhar lângüido
Amores não morrem
Amores são gotas de otimismo
São sorrisos fáceis
Cheiro de mato molhado
Chuva na vidraça
Neve em clima tropical.
Amores não morrem
Amores são beijos doces
Namoro escandaloso na esquina
Pão torradinho com café
Abraço do cão amigo
Beijo de esquimó.
Amores se perpetuam
Amores são ondas de energia
Refletem na alma da menina,
Faz o coração do menino acelerar,
Ficam guardados na memória
Carimbados no coração...
É tempo de amar!


Syl Signoretti

POESIA


O BEIJO


Pelos ares foram os beijos,

Encantados e emoldurados,

Molhados e solitários

Beijos caros,

Muitos roubados,

Um calor indecifrável,

Foram beijos relicários

Beijos no rosto estalado,

Na testa, entre os olhos...Na face!

Beijos na boca,

De língua, salivado!

Tantos beijos trocados,

Hoje os beijos voaram

Na tarde, na noite

Dentro de mim ainda:- Seus beijos eu guardo,

Meu cofre,

Um quadro pintado

Uma rosa,

Memória de um beijo

O seu beijo, guardado!


Syl Signoretti

Crônica

CANSEI DO NATAL

Aff!

Não queria fazer essa crônica. Nem queria sentir esse enfado que sinto hoje.

Talvez alguns nem me entendam, outros até concordem, sei lá! A verdade é que cansei desse Natal que conhecemos as pessoas se sentirem na obrigação de gastarem demais em presentes e comidas, em fazerem da lembrança de Jesus e seu nascimento um acontecimento comercial. Cansei! Nem ele nasceu em dezembro e nem eu quero participar mais desse jogo.

Não cansei disso agora não, cansei faz tempo, na minha casa todo dia tem que ser Natal senão não tem graça.

É Natal na dádiva de cada dia, no sorriso do outro, na boa ação que se faz, na lembrança doce do passado e dos entes queridos.

É Natal na conquista diária pela sobrevivência, no pão de cada dia.

É Natal na esperança quando tudo dá errado.

É Natal quando você quer desistir e ainda assim tem forças.

É Natal no arroz e feijão da mesa. Na carta que chega ao email que recebe com noticias de amigos.

É Natal no meu coração o ano todo, por isso não faço mais árvores sintéticas dentro da minha sala, olho as árvores naturais lá fora. Os meus enfeites são vivos, são os pássaros que piam e colorem meu dia.

Meu cahorro correndo pela casa fazendo arte é o Papai Noel “made in china” que rodopiava no móvel, aff!

Chega dessa papagaiada.Não acho feio nada disso, acho lindo ir à casa dos amigos e ver todos esses enfeites, mas eles não me acrescentam mais nada... Mudei, envelheci, sei lá o que aconteceu comigo, se fiquei madura... Isso é ser madura?

Tornei-me chata, acho que sim! Não sei. Nem quero saber o motivo, apenas quero me respeitar. Meu Natal é Hoje. Meu Ano Novo é agora. Meus fogos brilham em mim na fé que possuo e me nutre.Minha meia noite é todo minuto, e minha cor da sorte é lilás.

Meu sol brilha a meia noite, eu sou a Sylmar.

A Syl Signoretti que surge do encontro de Sylvias e Marias, de farinhas e pereiras, tudo bem tropical!

segunda-feira, 21 de abril de 2008

CARTA


Morada do sol, 17 de abril de 2008

Já é boa a tarde e chego te saudando com o sorriso nos lábios que só quem sabe amar pode oferecer.
Se sua noite foi em claro espero que os olhos não tragam a marca das dores que ajudou a curar, dos choros sofridos que embalou os minutos de um tempo longo demais.
Acordo de um dia difícil onde o ciúme tomou conta de um pedacinho do meu coração cansado e um tanto melancólico, mas a razão toma conta do todo maior e volto a discernir, volto a vida de sempre, pois é na rotina que me acho para me perder nos poemas de amor, nas músicas que embala as tardes e claro nos conflitos alheios que tão parecidos com os meus me permitem mergulhar no infinito do meu ser.
Adoro saber que você existe e que tem desejo de comer o que eu como, tem vontade de mergulhar na cachoeira que eu mergulho, eu tenho vontade de seguir seu rastro nos textos que me envia.
Leio com uma pressa absurda como se lendo o mesmo livro, o mesmo pensamento eu possa ter, visito sua mente, sorrio o seu sorriso, viajo nas suas praias. E como o sal do mar que te protege, eu sou a sereia do meu mar de montanhas, onde nas campinas e vales posso subir correndo e chegar ao cume, ver o rio caudaloso lá embaixo a carregar pequenos peixes. Enquanto o cardume navega eu bóio em nuvens que só existem no meu sonhar e vôo com a asa de Deus que me faz acreditar que em sua paisagem hoje eu vou habitar.
Hoje é quinta-feira, olho para o lado e vejo um vulto de azul, anjo da vida a proteger os anjinhos do mundo.
Não chove aqui, chove aí?
Caminho na sua pegada, nem sombra, nem figura, apenas amigos na mesma estrada.
Já é Boa tarde, me despeço deixando beijos ternos em sua face morna.

Beijo carinhoso,

Syl Signoretti



Publicado no Recanto das Letras em 17/04/2008
Código do texto: T949811

Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons. Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito ao autor original (cite o nome do autor e o link para a obra original). Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas.

quarta-feira, 12 de março de 2008

ENSAIO

Mero Ensaio

Momento moderno quando o Homem acorda Heterossexual dorme Homossexual e vive Bissexual.

Passeio pelos primórdios da humanidade, entre poetas gregos e a devastada Roma, minha mente navega nos mares revoltos do sul, e saboreio os ventos do norte que norteiam meus pensamentos.
Caio novamente no meu país, e saboreio os conflitos do agora.


O Brasil vive um momento único, uma reserva financeira maior que a dívida internacional, uma colheita de grãos recorde, a industrialização crescente e boas ofertas de emprego.
Um governo que esconde “bufunfa” na cueca, políticos corruptos e corruptores.


Enfim, psiquiatra dorme homossexual e hoje acorda heterossexual.

Nas estórias bíblicas Adão não teve a chance de mudar de sexualidade, só colocaram a Eva pra ele saborear, ela então nem pode chamar Débora nenhuma de gostosinha, nem elogiar o corpo de outra mulher com desejo... Ainda bem que são estórias.

BBB, o Big Brother Brasil é real, pessoas que aceitam conviver em busca do tesouro perdido deixado nos cofres Globais. Assistir um psiquiatra desequilibrado que agride seres humanos e acha que está dizendo as verdades do outro é um pouco demais.
Chego a pensar que é pior isso do que a grana na cueca, o emprego milionário do filho do Lula, e os produtos da China que invadem o mundo.
Algumas pessoas se horrorizam com tal programa e nem admitem assisti-lo, eu não me horrorizo com quase nada, talvez por trabalhar ouvindo e conhecendo seres humanos aprendo a não me barbarizar com o que ele é capaz. Mas me entristece assistir ainda hoje um ser humano achando que pode passar por cima de sentimentos alheios em nome de um título qualquer de doutor.


Muitas pessoas nem vão entender esse texto por não assistirem BBB, mas o recado é curto e simples, acha possível alguém trocar de sexualidade como troca de roupa?
Pois é, fica a questão.


No país do jeitinho o mineiro dirá: "É BOM TAMÉM" !
Que os Conselhos Regionais e Federais de Medicina e Psicologia analisem com carinho a forma de dar títulos aos “Doutores”.


Fragmentos de uma realidade obscena






Guardam segredos que são camuflados nos Contos - Suspense, as teias de aranha saídas do terror noturno nos livros de ética.

Quem?


Na posse do humor pinta o segredo de rosa choque: é lâmina que cega poupa, amolada e na jugular do senador, fere!

Correm deputados.

Cerra-se a cortina e o teatro tem seu fantasma, Brasília tem seus laranjas.

No picadeiro, são avenidas que se cruzam, os semáforos em amarelo. Alerta total na cidade que exclui o pedinte humilhado.


O Amor dá lugar ao desejo; trai a fêmea, o macho esparramado no sofá de couro, amassos molhados dão cria. Crianças surgem enfileiradas nas escolas às avessas; tem sopa, tem bolo de fubá, tem professor de matemática e funk.

Como?


A dança do créu e o Dr que desconhece a realidade.

Os caixões com a alça dourada e as freiras mumificadas fazem no chão de terra fértil a oração. O sambista canta:

... Agora vou mudar minha conduta, eu vou para a luta...

Com que roupa eu vou?


A realidade se torna obscena no uivo do lobo que enche o labirinto auditivo do Deus pagão. Labareda cospe o circense. A rosa de plástico vira lenço e a mágica magistral entoa a criatura que surge das águas.


Yemanjá!

Sereia,

Afrodite!

Rainha,

Mito e suor,

Calor e sonho,


Aliança real, entre saber e poder!


Syl Signoretti


segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Conto Segunda Parte

Leia a primeira Parte ...

Pimenta Rosa 2

Julia olha a cena bucólica tão diferente de tudo o que vivia na cidade, era lindo, era mágico estar ali, como em um sonho.
A cena que via era digna de uma pintura de Monet, nos tons pastéis; o verde da vegetação, a sombra refletindo as árvores na lagoa, o amarelo vivo dos patinhos, a frondosa árvore em frente a casa, um Ipê Roxo todo florido fazia a moldura, a casa simples mas de fachada deslumbrante, dois andares sustentados por grossas colunas, toda branca e com floreiras nas janelas repleta de gerânios com o sol todo refletido nela. Nem repara que ainda sorri.


João Adolpho a desperta do transe e lhe diz:


-Venha, quero que conheça minha Pimenta Rosa.


Júlia o olha espantada, e aceita sua mão, seguindo-o para frente da casa. Uma senhora está sentada na varanda em uma confortável cadeira de balanço, ela lhe sorri gentil, está vestida de forma elegante com um vestido de seda azul o que reforça seus olhos de um azul límpido, o cabelo branquinho em um belo corte chanel e a pele alva, ligeiramente rosada.


Joaõ Adolpho lhe diz:

- Júlia te apresento a minha querida Pimenta Rosa. Sorrindo Júlia se abaixa para beijar a linda senhora, que lhe deseja as boas vindas sorrindo também. Sem se conter Júlia quer saber:
- Pimenta Rosa me deixa intrigada pela forma diferente, vê João Adolpho abraçar a senhora que já se levantava e lhe explica:


-Sá Benta foi minha ama de leite e sempre a tive como uma segunda mãe, olhe para ela, veja que pele linda e rosada aos oitenta e oito anos, ela é uma pimentinha, você logo descobrirá, ela adora saber de tudo, toma conta de mim o tempo todo, uma verdadeira pimentinha e Sá Benta sorri feliz e orgulhosa do filho que a vida lhe dera.

Júlia então a beija no rosto e revela a alegria de estar ali.

Sá Benta observa os dois discretamente e logo sente que ela deve ser especial, durante todos esses anos João Adolpho nunca trouxera ninguém em casa. Seu casamento não dera certo, a mulher nunca fora capaz de lhe acompanhar e entender o seu trabalho como fazendeiro, nunca o compreendeu por trocar o emprego como Engenheiro pela vida do campo.
Rapidamente Sá Benta pega a mão de Júlia e diz:


- Vem minha filha quero que prove meu café e os bolinhos que acabei de preparar, levando-a para a cozinha.
Uma ampla e arejada cozinha, toda branca e equipada com toda modernidade como forno elétrico, microondas, abridor de latas elétrico, tudo muito bem cuidado e limpo. Mas no canto da parede um imponente fogão à lenha todo em tijolo refratário que Júlia conhecia bem; pois o comprara para a churrasqueira de seu pai; o tampo todo em cobre que reluzia de tão limpo.
Sá Benta coloca a mesa e serve o fumegante café com os bolinhos, que por sinal estão deliciosos, são de banana com muito açúcar e canela, Júlia como criança sem notar até lambe os dedos, o que tira um sorriso de João Adolpho que disfarça, mas encantado pelo clima familiar.


Seguem conversando sobre a vida no campo e Sá Benta encantada com o jeito meigo e ao mesmo tempo independente e forte de Júlia que conta sobre seu trabalho na clínica.
O tempo passa e Júlia só se dá conta que já é tarde quando João lhe sugere lhe mostrar o resto da propriedade.
- Vem, diz ele, quero que veja agora a Negrinha.
- Vá minha filha com ele, diz Sá Benta.


Negrinha é uma vaca linda, toda negra, apenas com uma mancha no alto da cabeça, vaca leiteira, o orgulho da propriedade, Júlia acha engraçado a vaca ter nome. Parece que por ali tudo toma a forma da magia, da beleza simples e sublime. Um cachorro vem se juntar a eles, João lhe faz um carinho e lhe chama de Toquinho.
Júlia em silêncio observa esse mundo tão distante do seu, ela sempre correndo, mal tendo tempo para sentir a presença da natureza, relaxar e respirar esse ar puro.
João a tira de seus pensamentos e diz:


- Hei, vem comigo, temos uma fonte de água mineral e quero que você conheça e veja o rio que corta a fazenda. Pelo caminho árvores frondosas e flores bem cuidadas.
Á água cristalina e pura, Júlia se abaixa fazendo uma concha com as mãos e toma a água fresca, que corre deixando um rastro por onde passa. O local é arborizado e a temperatura muito agradável, ela lava o rosto e passa a água na nuca, ele também se abaixa e toma a água.
Olham-se nos olhos e ele a convida a nadar naquele rio calmo de águas tão convidativas.
João Adolplho lhe diz:


-Vamos viro para o lado e você se despe, deixa sua roupa ali na árvore e eu não olho até que entre na água.
Júlia com vontade de aproveitar o momento, mas seria uma loucura se despir na frente de um desconhecido. O que fazer?
O apelo da água, do dia, da magia, ela tão feliz, relaxada como há muito tempo não ficava, resolvera.
Sim entraria na água e aproveitaria o dia, ela merecia. Tira a roupa e a coloca em um galho da árvore, ficando apenas de calcinha.
Entra no rio, a água gelada toca seu corpo que se arrepia.
Avisa João que já entrou, ele então se despe também, ela vira de costas, mas sem resistir tenta espiar,e vê de relance quando ele entra na água- as coxas musculosas, o peito cabeludo, aí... Solta um suspiro e pensa: -Deus, que homem é esse?


Lentamente ele nada ao seu encontro, ela prende a respiração e se volta correndo para o outro lado nadando também com vigor, ele não sabia mas ela era excelente nadadora.Ele sente aquilo como um desafio e nada ao seu encontro tentando alcançá-la, ela cada vez mais depressa,nada olhando para trás e ele ali logo ao seu encalço, até que ela sente uma mão no seu tornozelo, se volta pra ele parando de nadar rendida pelo cansaço. Bóia se esquecendo que está nua, ele a admira e bóia ao seu lado.
Toca sua mão na dela, olha seu rosto, vê cada detalhe,os lábios finos e delicados, o nariz perfeito e pequeno, a pele suave, os olhos expressivos, impossível não querer tocar.
Quando vê já a tem nos braços, beija aqueles lábios tão macios. Beija a nuca, toma seu corpo e a sente derreter,não consegue parar. João tem tanto medo, não quer mais sofrer por amor, já havia sofrido tanto! Mas como resistir ao encanto do coração?
Estava perdidamente envolvido por aquela mulher, será sua alegria ou sua desgraça.
Júlia sem poder adivinhar os pensamentos dele, se entrega apaixonada e sabe que será sua glória ou sua tormenta.
-Mas isso é outra estória!

Syl Signoretti

Publicado no Recanto das Letras em 19/02/2006Código do texto: T113770

Conto - Primeira Parte


Pimenta Rosa Parte 1


Julia estava em seu quinto dia de ferias e precisava fazer alguma coisa que a deixasse feliz, cuidar de crianças ja estava deixando-a maluca com toda aquela gritaria e correria, havia sonhado com dias mais calmos e solitários.
Os sobrinhos a solicitavam todo o tempo e apesar de amá-los muito tinha que ter um momento só seu.
Resolveu dar uma volta pelos arredores e sairia escondida assim ninguem a seguiria.

Colocou o chapéu de tecido fino que tia Amanda havia lhe dado, o sol estava forte e sua pele muito branca.
De short branco e top azul, um tênis de caminhada, pronto estava ótimo.
Sabia que havia um riacho cortando a propriedade, a fazenda era antiga e muito linda, a sede construção de 1830 fora toda restaurada, as plantações de café ainda estavam lá florindo e produzindo e agora seu cunhado, herdeiro de tudo, criava cavalos árabes- puro sangue, maravilhosos!

Ia caminhando e pensando que sua vida estava vazia e sem emoção,o trabalho na clinica a deixava exausta,quando optou pela cardiologia não imaginou que um dia tivesse tanto sucesso e que seus trabalhos fossem reconhecidos internacionalmente, hoje tantos compromissos como diretora clínica do Hospital, coordenadora de congressos, como professora, na clinica, enfim sobrava pouco tempo para a mulher.
Estava precisando cuidar de si mesma e de seu coração.
Nem se deu conta que estava sendo observada, envolvida em seus pensamentos acaba tropeçando em uma enorme pedra e quando ja estava junto ao chão uma mão forte a puxa e ela leva um susto tremendo.
Só tem tempo de olhar aquele rosto e dizer :

-obrigada!

Ele solta uma enorme gargalhada e diz:

- não por isso senhorita.

Ela o observa atentamente enquanto ele limpa sua perna toda suja de terra, um homem de cabelos grisalhos, pele bronzeada, olhos de um verde intenso, mãos grandes e fortes e como era alto, devia ter quase dois metros.
Ele parece perceber a intensidade com que era observado e a olha também como se a despisse, ela treme ao se sentir nua diante dele.

- Muito prazer, João Adolpho, e lhe dá um beijo no rosto que pega no cantinho da boca, ela prende a respiração e vê que ele acha graça.

-Julia, diz ela com a voz tremula.
-Sente-se aqui, disse ele apontando para a pedra, e logo ele verifica se ela não torceu o tornozelo girando seu pé de um lado para o outro.

- Está tudo ótimo, vamos comigo até o estábulo lá você podera lavar sua perna.

Julia segue aquele homem como se estivesse em transe, se sente uma tola, mal conseguindo articular as palavras, algo nele a deixa assim como que hipnotizada, o segue em silêncio.
Ele lhe dá uma toalha e lhe mostra uma pia rústica num canto do estábulo, porcelana trabalhada em azul, com flores em alto relevo que ela ama na hora, pois adora decoração.
Ele observa, parece saber tudo o que ela pensa e faz uma observação:

-Foi comprada na França, trouxe de uma antiga propriedade que estava em demolição, depois lhe mostro outras peças que você irá adorar.
Ele abaixa e começa a enxugar sua perna, ela prende a respiração ,tudo nele é sensualidade, erotismo ou ela quem estava carente demais?
Sem notar mal respira e quando respira está ofegante.
Joaõ Adolpho a olha sabendo o que se passa, segura firme em seu braço e vai empurrando Julia contra a parede de madeira, ela não diz nada, ele levanta seu rosto - a olha no fundo dos olhos e encosta seus lábios nos dela bem de mansinho, ela mal acredita no que acontece...quem ele pensa que é?
-Como se adivinhasse o pensamento ele diz:

-Minha menina, te farei minha mulher!

Com a lingua ele abre a sua boca, penetrando suavemente aquela boca pequena, procurando a lingua e sugando, ela estremece e ele a segura mais forte invadindo a sua boca toda naquele beijo ousado e viril.
Jõao parece possuido e desce sua boca para o pescoço de Julia e a ouve gemer baixinho, vai lambendo o colo alvo e macio e suas mãos passeiam pelas coxas nuas...

Julia geme e se entrega.
Quer mais, quer tudo, precisa desse macho urgente.
Passa a mão entre as coxas dele e sente sua exitação, ele geme e a solta como se despertasse do transe.
Julia mal crê no que acontece.
Não diz nada mas sente as lágrimas cairem de seus olhos e as disfarça virando para ver os animais ao lado.

-Ele a tira de seus pensamentos dizendo:

-Venha comigo vou te mostrar a pimenta rosa.

-Julia o olha espantada e diz:

-pimenta rosa?

-Sim venha, você vai adorar.
A arrasta para fora.
Ela o segue de mãos dadas.
Sorri. Até que chegam em uma clareira e ele lhe mostra:

- veja ali a sua direita, Pimenta Rosa!

Julia não pode conter uma enorme gargalhada....

-Mas isso é uma outra história!

Syl Signoretti

Publicado no Recanto das Letras em 08/02/2006Código do texto: T109378

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Conto Suspense

A Passagem


Havia sete cruzes na beira da estrada.
Sob elas uma rosa de plástico.
Toda vez que ela por ali passava, chorava.
Pensava nos anônimos que ali morreram e rezava.
Um dia, ela estava com tempo e resolveu parar o carro e ver os nomes escritos nas cruzes, nem sabia o que faria com aquela informação, mas estava curiosa.
Quem sabe ao ler os nomes a sua dor diminuiria e passaria por ali sem sentir aquela dor enorme no peito, afinal este seria seu caminho por muitos e muitos anos, é o que desejava, já que seu trabalho lhe dava prazer e sustento.

Desligou o veículo já no acostamento da estrada, enxugou o rosto banhado de suor, fazia calor naquela tarde, tomou um gole da água que sempre trazia consigo, respirou fundo e saiu do carro.
Atravessou a estrada já que as cruzes ficavam do outro lado.
Sentiu um arrepio percorrer seu corpo.
Teriam morrido assim, atravessando a via expressa?
Que horror! Isso certamente lhe atingia.
As sete cruzes enfileiradas, a primeira escrita em preto, com letras desarrumadas e com caligrafia primária, RITA .
A segunda da mesma forma, CARMEM . A terceira, ELISEU ... FERNANDO ... PLÁCIDO ... LÚCIA e finalmente a sétima, ADDA.Adda ? Não podia ser, esse era seu nome, que coincidência, seria por isso a tristeza ?
Mas o que tem a ver com ela?

- Olha em volta, quer saber alguma coisa sobre aquelas pessoas, procura alguma casa pela redondeza, mas só vê pasto, plantação de milho e uma vasta plantação de Girassol - fica embevecida com as flores, sua preferida desde menina. O campo tinha tanta flor de se perder de vista, ela só olhava para as cruzes e nunca havia reparado o lindo quadro às margens da rodovia.
Resolve caminhar e chegar perto da tal plantação.
Naquele momento a estrada estava vazia, por ali circulavam mais os caminhões de transporte do leite e o faziam pela manhã.
Ao chegar mais perto observa uma casinha humilde bem no meio das flores, duas janelas rosadas, a parede em branco, manchas de mofo perto do solo, mas na chaminé uma fumaça indica a presença de moradores.

Vai arriscar.

Se embrenha no mato, a trilha é mal feita, e o mato toma conta da trilha de terra vermelha, típica daquela região do estado de São Paulo, região de cana de açucar, de milho.
Absorta com seus pensamentos nem nota uma senhora no meio do caminho lhe observando assustada.
Ela quando vê pára.
Olha para aquele rosto moreno, pele enrugada, castigada com certeza pela contínua exposição ao sol forte. Marcas da dor.Vestimentas simples, na cabeça um lenço de chita mal arrumado mostra seus cachos grisalhos. Nas mãos um enorme ramo de Girasol.
Ficam paradas olhando uma para outra, ela nem sabe quanto tempo, até que a senhora quebra o silêncio e diz :

- Filha, porque demorou tanto?

- Ela não consegue falar, tenta mas a voz não sai - olha o rosto da senhora e vê as lágrimas que ela derrama, quer falar, dizer que não entende, mas impossivel, não consegue.
Tenta então caminhar até ela, suas pernas travaram, parece que está tomada por uma bolha invisivel que a prende ao solo e a imobiliza.Os braços não se movimentam, não domina seu corpo.
O desespero toma conta dela e neste momento vê a senhora mexendo os lábios mas não mais a escuta, sente seu rosto molhado, sabe que chora mais uma vez.

O tempo parece parar.

Do céu uma Luz intensa surge em sua direção. Uma chuva de pétalas de rosas cai sobre sua cabeça, ela mal acredita no que vê, a Luz, as flores, e agora do lado da senhora está um homem idoso, cabelos brancos, terno claro de linho, olhos azuis, um largo sorriso que ela logo reconhece.

-Seu Pai!

Neste momento toma consciência de que seu Pai viera ao seu encontro como prometera há muitos anos.

- Quando morrermos filha, quem for primeiro volta para receber o outro, combinado?

- Que bobagem Pai, para de falar asneira.

- Prometa filha, quem for primeiro recebe o outro.

Ela aceita para tranquilizar aquele que é sua proteção, ele realmente parece aflito.

Agora na sua frente seu Pai lhe surge como em seus sonhos, lindo, sorridente, expressão de paz no rosto.
Entende que o nome da cruz era realmente o dela, de alguma forma ela morrera, mas como não se lembrava de nada?
Como explicar que vinha do trabalho todo dia há semanas e ficava observando o próprio local de sua morte ?
Como se lesse seus pensamentos seu pai lhe estende a mão, lhe pede para ter confiança e ir com ele.
Ela olha em volta, o dia parece ainda mais claro, olha para trás e vê seus amigos, Rita, Carmem, Eliseu, Fernando, Plácido, Lúcia - lembra-se de tudo - eles a abraçam, fazem em volta de si um círculo, ela e seu pai e aquela bondosa senhora no centro.

Seu pai lhe diz :

- Filha, fecha os olhos e reze conosco.

- "Deus Todo Poderoso, que vossa misericórdia se estenda sobre a alma de Adda, que acabais de chamar para Vós.
Possam ser contadas em seu favor as provas por que passou na Terra, e as nossas preces abrandar e abreviar as penas que ainda tenha de sofrer como Espírito!
Vós, Bons Espíritos que viestes receber essa criatura, e vós sobretudo, que sois o seu Anjo Guardião, assisti-a, ajudando-a a se despojar da matéria.
Dai-lhe a Luz necessária,e a consciência de si mesma, a fim de livrar da pertubação que acompanha a passagem da vida corporal para a vida espiritual.
Inspira-lhe o arrependimento de suas faltas e o desejo de repará-las, para apressar o seu progresso rumo à eterna bem aventurança... seguem em oração que culmina com o Pai Nosso.

Neste momento Adda e seus companheiros se vão.

Ela entende que fez a passagem e que pela Justiça Divina demorou a entender sua nova condição de espírito, devido a sua falta de conhecimento e sua morte trágica.
Um acidente na noite de 28 de agôsto de 2005 tira a vida desses jovens numa estrada do interior de São Paulo.
Adda deixa irmãos, mãe, cunhados, marido e dois filhos, Gustavo de 3 anos e Priscila de 10 anos.


Motivo do acidente : Plácido passa mal ao volante, enquanto dirigia teve um aneurisma. Por muito tempo se sentiu culpado pelo acidente e precisou de tratamento espiritual para poder hoje estar no encontro com Adda que ficou presa as ferragens esperando por oito horas que os Bombeiros conseguissem tirá-la de dentro do carro.Morreu a caminho do hospital.Hoje a dor não existe.

" Se não vives mais pelo corpo, vives entretanto pelo espírito, e essa vida espiritual está isenta das misérias que afligem a Humanidade. Não tens mais sobre os olhos o véu que nos oculta os esplendores da vida futura. Podes agora contemplar novas maravilhas, enquanto nós continuamos mergulhados nas trevas. Vais percorrer o espaço e visitar os mundos, em plena liberdade, enquanto nós rastejamos penosamente pela Terra, presos ao nosso corpo material,semelhante a um pesado fardo. Os horizontes do infinito se desvendarão diante de ti, e ao ver tanta grandeza, compreenderás a vaidade das ambições terrenas, das nossas aspirações mundanas, e das alegrias fúteis a que os homens se entregam ..."

Adda agora sabia que muito ainda teria para descobrir, estudar e crescer na vida espiritual, mas sabia que não estava só, jamais estaria.
E com a fé em dias melhores seguiu seu Pai e seus amigos para um outro plano de vida.

Nota da autora : - O texto entre aspas é trecho de oração retirada do Livro O Evangelho Segundo o Espiritismo de Allan Kardec páginas 338 e 339, de tradução de J. Herculano Pires Editora LAKE. - Este conto é uma ficção, os nomes e datas foram criados pela autora.

Syl Signoretti

Publicado no Recanto das Letras em 09/01/2008Código do texto: T810520

sábado, 19 de janeiro de 2008

Dar adeus é crescer


Engrenagem


No meu relógio a hora é dez
No seu relógio a hora é dez para as dez
Nesse ritmo fora do compasso seguimos
E o cotidiano se compõe
Dispõe-se
Interpõe-se
Mistura a poção de paciência e de insuficiência
E na magia do momento a engrenagem emperrada
Dissolve
Evolve
E na mágica da vida você vira museu
Eu viro museu.
Talvez boneca de cera
Talvez ao lado da Rainha da Inglaterra
Talvez o saco cheio estoure bem ali
E dirá o povo brasileiro: - Que chique!
E você vai até acreditar.
Vai gritar
Espernear até chorar.
Mas no meu relógio a hora é dez.
E no seu o ponteiro marca ainda dez para as dez.
Final do terceiro tempo.
Acabou.

Syl Signoretti

Publicado no Recanto das Letras em 19/01/2008Código do texto: T823694

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Crônica

Preguiça


Lanço mão da preguiça, da boca se abrindo a toda hora, da cara amassada do sono que não se concluiu.
Lanço mão da preguiça na hora de ir ao café.
Um bocejo.
Levantar a xícara, hum será que consigo?
Lanço mão da preguiça na hora de abrir a Veja da semana e ler as ciladas dos políticos a nós pobres mortais.

Fernadinho Beira-Mar lê dois livros por semana, toma sol, joga damas, faz exercícios e eu aqui nesta vida sedentária e preguiçosa de alguém que só muda de cadeira.
Não aguento mais ouvir falar em Chávez, em Rei, cansei !
Cansei da CPMF, cansei até do ministro da cultura anunciando que ano que vem ele sai, pois está com problema de voz de tanto falar, sua voz é para cantar.
Canta ministro !
Também estou rouca, também falo muito, também queria só cantar.

Sonhei com a cara do Presidente Lula nos Cassetas e acordei com a cara do Ministro da Defesa aqui em minha cidade comprando Helicópteros, vão dar aeronaves para a polícia.
Vão sobrevoar as favelas do Rio, vão parar caminhões nas estradas do interior, repletos de drogas, vão jogar o leite que tinje cabelo, no lixo !
E vão fazer o que com tudo isso?

Escarafunchei meu lixo e sabe o que encontrei?
Aqueles vestígios de ontem, lembranças de um tempo onde tudo era de verdade, a verdade era soberana.
Vivo no tempo do plástico, as caras humanas se plastificaram: - "tô" com medo! Plástico polui, não se acaba, até quando vou ter que engolir essas caras mascaradas, plastificadas pela inveja, a cobiça que cega, a corrupção !

No que nos transformamos?

Essa competição desenfreada, a necessidade do TER, SABER mais que o outro, a arrogância que sobe ao PODER e começa no jardim da infância.

Lanço mão de todo o conhecimento nesta manhã.
Apenas quero sorver meu café quentinho, fechar meus olhos, imaginar o mundo dos sonhos onde os Humanos tinham um coração rosa e branco, amor e paz.
Esse coração vermelho, que agride, machuca e maltrata só serve para as festas em Parintins, é alegoria, é adornado de lantejoulas. Acho que estou "variando", ficando lelé como se diz aqui no meu interior.
Mas afinal o que é ser normal? ( Psicóloga ouve cada coisa)
E para quê?

Lanço mão hoje da interrogação e da reticências, aliás adoro reticências ...

Agora tá na moda "O SEGREDO", lei da atração e só querem atrair a grana, os eletrônicos que surgem a cada dia.
Pensar no positivo para a ajuda solidária, é ruim né?
Fico aqui, de mão para cima e correndo ao mar imaginário na tentativa de lavar a alma com este sal puro que me acorda para a vida e me faz sonhar azul ou será que é verde?
Não, é magenta.
Hoje tudo tem tantas opções!

Peço desculpas aos meus leitores, mas é só um desabafo por essa fase de crise no mundo e olha que ela já dura há tempos.
Vou voltar ao meu idílio matinal, afinal é madrugada ainda quando me rebelo, o sol desponta com seus raios violetas que transmutam minha energia macabra.

Novo dia começa e a esperança brilha no horizonte azul/violeta e o verde do louva-deus da Cristina e suas fezes esquisitas brilham no sofá que ela lavou, saio agora para lavar minha alma em uma enorme caneca de café puramente nacional, do interior das Gerais, aqui do meu sul de Minas.
"Eta cafézinho bom !"

Meu sol já raiou e vou à luta .
Beijos. Beijos. Beijos.


Syl Signoretti

Publicado no Recanto das Letras em 26/11/2007Código do texto: T753031

Crônica


O Bial vira Pedro no novo reinado BBB

I
rresistível! Escutar o Boa noite com o sorriso mais lindinho da TV e não sorrir, comendo chocolate, deitada na cama ao lado do maridão.

Está no ar mais um BBB.
Lendo a crônica da querida Rosa Pena e do querido João Adolfo Guerreiro tive vontade de fazer a minha sobre o que achei ontem de muito curioso.
Durante o programa BBB 8 por duas vezes ao chamarem o apresentador de Bial as moças logo se corrigiram e disseram :
_ Pedro !

dando a entender que essa era a nova regra do programa.

Sei que ainda teremos tempo de avaliar e entender o motivo, alguns devem se perguntar:
- Uai sô! o que tem para entender?
Mas aí tem ...
O Bial, ou melhor, o Pedro é um escritor sensível, faz belas crônicas, lança livros, escreve matérias sobre diversos assuntos, ficou conhecido na telinha nos últimos anos, para o grande público, pelo BBB e pelo jeito se afastou de outros projetos televisivos por causa da aparição prolongada enquanto dura o programa, aí tem !
De Bial a Pedro, ficamos um bom tempo com o gato do Pedro Bial esperando para descobrir o mistério.

Vocês notaram o anúncio no intervalo da programação Global do Richard Gere com a atriz Carolina Ferraz de um produto para o cabelo?
Meninas de plantão, o que é aquilo?
Babei!
Agora dois gatos no nosso telhado porque os homens da casa este ano estão meio caidinhos.

E o anúncio da Coca- cola? quase uma novelinha, é o ibope gente!
Televisão todo mundo sabe que é para diversão, ou até alienação em alguns casos, por exemplo neste.
Adoro me alienar nesta época do ano para não ficar doida pensando nas contas e de quanto tenho que trabalhar para pagar o aumento do IOF, os impostoso todos, IPTU, IPVA, CRP, etc ...

Por isso, como profissional da área da saúde mental ( rrss ) e que adora sorrir como já perceberam, aconselho a todos assistir ao BBB 8 e economizar muita grana para resolver as tensões do dia.
Até a próxima jornada televisiva. Com uma super crônica "cabeça".


Syl Signoretti

Publicado no Recanto das Letras em 09/01/2008Código do texto: T810188



quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Quem sou eu?


Minhas poesias por vezes alucinações.
Crônicas, uma visão do mundo com lente de aumento.
Meus contos são delírios enquanto meus olhos passeiam nos vestígios da minha mente, as vezes torta, faminta de experiências.

Meus sonhos são torpes...imagens oníricas dos meus anos em branco.
Minha realidade é cruel, pois me escondo sob a máscara da Psiquê, e minha alma grita para ser desvendada.
No mapa que traçaram para mim as curvas das montanhas são minhas indagações e os rios que cortam meus vales são as vezes que eu choro em busca de respostas.
Nunca meu sentir foi tão profundo e retrato disfarçado esse jeito intelectual em Poetrix enxutos e em Haikais que engatinham sobre a natureza,em minha mente aprendiz.

Mergulho na onda salgada do mar e me revelo no poema dito erótico mas que é romântico, pois existe amor na língua que passeia no corpo que queima e existe fantasia na boca que beija os seios que são moradas desse amor que vive além da própria vida.
Ensaios que ainda não fiz, da fêmea exuberante que possa esconder nos artigos, processos criativos da ilusão do meu penar.

Sou eu que no dia apareço de Syl, a noite sou apenas a Sylmar.
Surgiu da Sylvia e Maria que vieram ao mundo só para amar.
Sou eu quem escreve cartas, mas nunca as quer enviar.
Homenagem à família, aos amigos e ao homem que a vida trouxe num Cometa só para me encantar.
Meu amor, meu marido, para você eu revelo em mil faces a Syl que você veio encontrar.
Sou sequilhinho mais que doce, também pode se desmanchar.

Me abriga, me toma em seu peito, embala o meu ninar !

Syl Signoretti
17 de janeiro de 2008

Poesia

Oitenta Janelas ....

Minha Torre encantada
Com oitenta janelas,
Em cada janela uma donzela.
Em cada donzela uma flor.
Minha Torre de grossas pedras,
Erguida com suor de homens fortes,
Fortaleza de senhoras,
Em cada janela um destino.
Minha Torre de argila,
Erguida após a chuva, próxima ao rio.
Janelas fechadas com grossas cortinas,
Em cada uma, rosas azuis.
Minha Torre de madeira,
Em oitenta janelas te vi,
Oitenta olhares procurei,
O amor e desejo que senti,
Minha Torre de vidro, construi,
E as oitenta janelas não fiz,
Torre dos sonhos, trancada!
Nas janelas onde nunca te vi!

Syl Signoretti
Publicado no Recanto das Letras em 02/03/2006

Poetrix

Saudade de você

Na noite sensual
Nossos corpos ardentes
Você bailando em mim

Poetrix

Raio de sol

Ilumina minha tarde
Deixa rastro de luz
Entre o céu e a terra

Poetrix


Destemida Forasteira

Passeia nos bosques,
Faz pose de donzela,
E esconde um segredo


Poetrix

Coração de prata

Blindado na agonia
Por uma flecha encantada
Disparada pelo seu tesão

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Syl Signoretti

Oração à São Miguel Arcanjo





Príncipe Guardião e Guerreiro,
Anjo que guarda a Terra,
defendei-me e protegei-me com Vossa espada flamejante, não permiti que nenhum mal me atinja.
Protegei-me de toda energia negativa, de pessoas ou moradas
Espalhai vosso manto e vosso escudo de proteção em meu lar, meus familiares, amigos e meus animais.
Guardai meu trabalho, meus negócios e meus bens.
Trazei a paz e a harmonia para minha vida hoje e sempre.
Que assim seja.

Pensamento



A fantasia sempre será lúdica e o sonho sempre poderá ser real.

(Syl Signoretti)

Haikai


Haikai 20

Noivinha livre
Pássaro brejeiro
Na manhã de sol

Haikai


Haikai 10

Dama da Noite
Exala na madrugada
Cheira saudade

Conto Cotidiano


O Castelo e a Choupana

Ele enrolava seu cigarro de palha, não havia pressa em seu gesto ritmado nem tensão em seu semblante.
De cabeça baixa, olhando de frente, via-se o homem com aura clara e brilhante.
Ficava assim uns bons minutos até que o cigarro ficasse fininho e muito bem enrolado. Momentos antes ele picava o fumo com seu canivete bem amolado, o cheiro exalava pelo quarto já úmido pelo tempo , fumo de rolo e mofo já se revelava um perfume para seu olfato,
até que ele acendia o cigarro e o cheiro se propagava com a fumaça impreguinando toda a casa .

Era este o ritual matutino acordando cedinho, antes ele buscava o pão que gostava sovado, cortando as fatias fininhas como se fosse um binóculo, passava a manteiga ainda gelada em camada mais que generosa - exagerada!
Colocava um gole de café com leite na boca que gostava de chamar de pingado, tinha consigo uma herança caipira que não abria mão, ia buscar em seus antepassados os exemplos da vida simples e bucólica e se sentia pleno, próximo de Deus, como se o linguajar e modos simples fosse o código secreto, a lingua dos anjos.
Era um anjo sim, com seus olhos meigos e azuis.
Por onde passasse deixava um rastro de luz, tal qual o arco-íris depois da tempestade, ele era o vagalume de nossas vidas escuras, e o amuleto da nossa pajelança .

O dia era um festival de acordos depois do cigarro de palha, do leite quentinho, não nessa ordem, tinha lugar também para um bom pedaço de chocolate diamante negro que ele devorava depois de tirá-lo do cofre.
Estava pronto para o trabalho e só então mandava abrir a porta de seu escritório onde atuava como advogado.
Por ali passavam dos mais simples seres humanos até os mais nobres dos mortais e eu o ouvia falar aquele português da roça, com palavras estranhas e engraçadas e logo em seguida já estava ele a discursar no tribunal do juri com o vocabulário digno de um bacharel .
Quando em minha inocência o interpelei e quis saber o motivo de falar daquela forma simples e algumas vezes com erros gritantes ele me dizia:

- Se falar correto eles não entendem, sou eu quem devo me aproximar para que então possa ajudá-los.

No almoço fazia questão de uma salada simples, tomate, alface, cebola e sardinha em lata era o que preferia.
Mas não abria mão da bacalhoada e nem dos ternos impecáveis feito pelo melhor alfaiate da cidade.
Comprava seus cortes de tecido em São Paulo e as gravatas escolhidas a dedo. Já de terno acendia seu charuto ou cigarrilha e apreciava cada tragada, adorava o malte mas nos finais de semana o churrasco regava com caipirinha de pinga dos melhores alambiques do Sul das Gerais e adoçada com mel .

Cultuava o ovo e seus olhos se enchiam de lágrimas ao degustar a iguaria, era obra de Deus dizia ele! Sagrado porque era a vida. Homenageava o mel e o limão, amante da natureza, temente a fé que não o abandonava.
No bolso mesmo sem acreditar piamente, tinha um patuá de Exu, vermelho e preto, era sua proteção para as ameaças de morte .

Advogado de interior dizia ele, amigos de todos , aceitando uma causa fazia inimigo o lado contrário, foi assim até o fim mas depois de um tempo os inimigos vinham pedir desculpas, e ele os abraçava com docilidade e se convidava para um café com bolão de fubá .

Foi amigo de Presidente, começou tomando café com Wenceslau Braz ainda criança, ia em sua casa e ficava conversando com aquele homem que admirava, era precoce e seus amigos sempre foram os mais velhos . Aureliano Chaves, um companheiro.
Esteve ao lado da segurança do Médice, mesmo as filhas olhando torto para aquele que era um governo dificil lá estava ele, ali também recebido.
Algumas vezes fomos escoltados pela segurança deste governo .

Um belo dia voltávamos de um passeio no campo e resolvemos entrar em um restaurante, logo em seguida entra Tancredo Neves, ele nem pensa duas vezes, nos leva até ele para sermos apresentados, batemos longo papo, Tancredo era simpático e acolhedor .

Entusiasta das boas causas, fez teatro na adolescência, foi bancário para ajudar a pagar a faculdade de Direito, neto de Banqueiro mas filho de homem simples o qual fazia questão de imitar sempre.

-Um dia fui atender a porta, um senhor muito distinto do outro lado queria uma consulta com ele, pedi que aguardasse dentro de nossa casa, algo naquele homem me fizera sentir respeito e admiração, fui correndo chamá-lo, pela minha descrição ele pensou que o senhor fosse da região, roupa em estilo "country", bem charmoso para um senhor de sua idade.

- Lá foi ele atender a porta ainda de toalha na cintura afoito por resolver a questão.

Em cinco minutos volta ele para colocar uma roupa e ficar mais apresentado, simplismente era o Amador Aguiar, dono do Banco Bradesco.
Chegando na cidade foi direto à agência do Banco e perguntou quem era o melhor advogado, o que na hora lhe deram o nome dele .Foi o inicio de uma bela amizade.
Descobrimos logo porque ele nos havia transmitido tanto respeito, criador da Fundação Bradesco dando assistência à milhões de crianças, fez sua vida na luta pelo trabalho e permanecia com a simplicidade de outrora .

Eram parecidos.

Amante dos belos carros, gostava dos brancos e enormes e na minha infância lembro do Galaxy e do Dodge, ele se sentia super confortável. Adorava usar sapatos brancos e terno de linho branco com sapato preto.
E a gravata de bolas coloridas e grandes.
Uma figura linda!
Na volta de uma viagem trouxe dois quadros. Um era um castelo e outro uma choupana na beira do rio e me diz :

- Syl, arruma um lugar e pendura, eu achei tão lindo, acho que ficará ótimo em nossa casa.

Confesso que achei cafona e relutei mas acabei pregando. Eu dava aula a noite e chegava ainda com adrenalina e custava a dormir, deitava no sofá e ficava olhando aqueles quadros até que entendi a razão dele ter gostado tanto.
Ele trazia em si o nobre do castelo e também o homem simples da choupana, se enternecia com o luxo e exaltava o simples .
O simples sempre ganhava. Amigo de todos sem distinçaõ.
Nobre de alma, simples de coração.

Saudade de seus olhos azuis meu pai querido.
Saudade de seu sorriso e de sua bondade .

Oro à Deus por sua Paz e levo em meu coração a esperança de um dia me reunir a você .
Fica aqui uma homenagem à memória do meu pai .

Syl Signoretti

Escrita em 17/12/2007 e publicado no Recanto das Letras
Código do texto: T782126



Poesia



Renda



O fio sedoso e branco
Entre seus dedos entrelaça
Acomodada em seu banco
A mulher pensativa alinhava

Mãos firmes,pés compassados
No o urdidor,os fios
O ramo da teia,alinhavados
No rosto a paz,o brio!

Mescla cores,faz desenhos
Nasce um belo trabalho
Na vida da rendeira,sonhos...

Lá fora a tosquia
No sol dos pampas
No banco, a nostalgia!




Poesia



Laço de Fita ...de chita !

Deixas-te cair seu laço de fita,
bem junto ao poema do artista,
Castro Alves ali estava,
Garboso, lindo!
Seu sorriso maroto, seus olhos negros
E você envolvida em seu laço de fita
Ouvia sua voz suave declamando poemas
Na noite serena, suaves mecenas
E tal como sonho, desfaz-se em névoas
Seu laço de fita...de chita,
Não és a musa do artista,
És apenas mais uma pequena.

( Homenagem à Castro Alves, sugerindo à todos que leiam seu lindo Poema "O Laço de fita" )

Syl Signoretti




segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Prosa Poética

Labaredas flutuantes

No mar daqui existe uma onda gigante, que vem e me leva para o alto.
Esta onda tem um ciclo, que como a Lua, é na crescente.
Me embola quando me toca.
Joga para cima quando me lambe ...
me lança ao céu, me cobre com seu véu de gotículas geladas e minúsculas.
Essa onda vem em labaredas vermelhas, flutuantes e cai gelada em azul.
No mar daqui tem coral, tem até sal, e também um peixinho.
Seu nome é Jacinto, ele é todo listradinho, é cor de goiaba e também tem manchinhas brancas, mede cinco centímetros e brilha a noite quando passa pela onda.

É neon!
É Fluorescente.

Também faz glup-glup e come uns peixinhos menores ainda, tem um que ele come que tem meio centímetro e que também faz glup-glup.
No mar daqui tem o sol no céu, e bem em frente passa pela linha um trem que apita avisando a hora de seguir viagem.
No fogo da caldeira tem uma concha que veio do mar daqui, e quando a labareda sobe ela estala, e o fogo parece gritar socorro.

Eu grito SOCORRO.
Eu grito SOCORRO.
Eu grito SOCORRO.

Tem dentro de mim um mar, que se agita quando pensa em você.
Tem dentro de mim um fogo, que queima quando ainda sente você.
Tem dentro de mim uma dor, que dói quando minha mente escuta a sua.
Tem dentro de mim uma certeza : Labaredas se apagam com a água.
Labaredas flutuantes, uma hora bóiam e a loucura deste texto vem da certeza de ter que mudar.
Dentro de mim tem uma Luz e ela pisca ao pensar no futuro.
Minha lágrima apaga o fogo, minha mente esquece o passado.

FIM.


Syl Signoretti
Publicado no Recanto das Letras em 09/01/2008
Código do texto: T809781

Poesia


Sacerdotisa

No alto do Templo ela surge,
Vestido longo, rosa e dourado,
O cabelo bem preso em um coque,
No braço o bracelete dourado.
Olhando o horizonte ela fica,
Se perde em pensamentos e analisa,
Os olhos verdes retratam a magia,de toda sua vida...
Concentrada prepara o ritual,
Entoa uma doce canção,
Deuses vai invocar,

Dança,dança,que visão!
Bebe o vinho de Baco e com a boca rubra,
Rodopia sensual,
Fazendo a dança, com o ventre.
Invoca Afrodite, Deusa do Amor sensual
Repleta de desejos carnais, Dança...
Nua e linda

Cheia de mistério,
Fala com Eros,
Deus do amor puro.
Revela a vida,
Define destinos,
No alto do Templo,
Para sempre, Sacerdotisa!

Syl Signoretti