sábado, 19 de janeiro de 2008

Dar adeus é crescer


Engrenagem


No meu relógio a hora é dez
No seu relógio a hora é dez para as dez
Nesse ritmo fora do compasso seguimos
E o cotidiano se compõe
Dispõe-se
Interpõe-se
Mistura a poção de paciência e de insuficiência
E na magia do momento a engrenagem emperrada
Dissolve
Evolve
E na mágica da vida você vira museu
Eu viro museu.
Talvez boneca de cera
Talvez ao lado da Rainha da Inglaterra
Talvez o saco cheio estoure bem ali
E dirá o povo brasileiro: - Que chique!
E você vai até acreditar.
Vai gritar
Espernear até chorar.
Mas no meu relógio a hora é dez.
E no seu o ponteiro marca ainda dez para as dez.
Final do terceiro tempo.
Acabou.

Syl Signoretti

Publicado no Recanto das Letras em 19/01/2008Código do texto: T823694

2 comentários:

sarausbahia disse...

Tempo, horas, relógio... É o pavor e a alegria dos humanos...

Lindo poema!

Valdeck Almeida de Jesus

Anônimo disse...

Syl qierida: belíssimo espaço e com textos inteligentes e belos ao mesmo tempo - como esta poesia. Gosteri demais em passar por aqui. Beijos, Dionisio