segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Conto - Primeira Parte


Pimenta Rosa Parte 1


Julia estava em seu quinto dia de ferias e precisava fazer alguma coisa que a deixasse feliz, cuidar de crianças ja estava deixando-a maluca com toda aquela gritaria e correria, havia sonhado com dias mais calmos e solitários.
Os sobrinhos a solicitavam todo o tempo e apesar de amá-los muito tinha que ter um momento só seu.
Resolveu dar uma volta pelos arredores e sairia escondida assim ninguem a seguiria.

Colocou o chapéu de tecido fino que tia Amanda havia lhe dado, o sol estava forte e sua pele muito branca.
De short branco e top azul, um tênis de caminhada, pronto estava ótimo.
Sabia que havia um riacho cortando a propriedade, a fazenda era antiga e muito linda, a sede construção de 1830 fora toda restaurada, as plantações de café ainda estavam lá florindo e produzindo e agora seu cunhado, herdeiro de tudo, criava cavalos árabes- puro sangue, maravilhosos!

Ia caminhando e pensando que sua vida estava vazia e sem emoção,o trabalho na clinica a deixava exausta,quando optou pela cardiologia não imaginou que um dia tivesse tanto sucesso e que seus trabalhos fossem reconhecidos internacionalmente, hoje tantos compromissos como diretora clínica do Hospital, coordenadora de congressos, como professora, na clinica, enfim sobrava pouco tempo para a mulher.
Estava precisando cuidar de si mesma e de seu coração.
Nem se deu conta que estava sendo observada, envolvida em seus pensamentos acaba tropeçando em uma enorme pedra e quando ja estava junto ao chão uma mão forte a puxa e ela leva um susto tremendo.
Só tem tempo de olhar aquele rosto e dizer :

-obrigada!

Ele solta uma enorme gargalhada e diz:

- não por isso senhorita.

Ela o observa atentamente enquanto ele limpa sua perna toda suja de terra, um homem de cabelos grisalhos, pele bronzeada, olhos de um verde intenso, mãos grandes e fortes e como era alto, devia ter quase dois metros.
Ele parece perceber a intensidade com que era observado e a olha também como se a despisse, ela treme ao se sentir nua diante dele.

- Muito prazer, João Adolpho, e lhe dá um beijo no rosto que pega no cantinho da boca, ela prende a respiração e vê que ele acha graça.

-Julia, diz ela com a voz tremula.
-Sente-se aqui, disse ele apontando para a pedra, e logo ele verifica se ela não torceu o tornozelo girando seu pé de um lado para o outro.

- Está tudo ótimo, vamos comigo até o estábulo lá você podera lavar sua perna.

Julia segue aquele homem como se estivesse em transe, se sente uma tola, mal conseguindo articular as palavras, algo nele a deixa assim como que hipnotizada, o segue em silêncio.
Ele lhe dá uma toalha e lhe mostra uma pia rústica num canto do estábulo, porcelana trabalhada em azul, com flores em alto relevo que ela ama na hora, pois adora decoração.
Ele observa, parece saber tudo o que ela pensa e faz uma observação:

-Foi comprada na França, trouxe de uma antiga propriedade que estava em demolição, depois lhe mostro outras peças que você irá adorar.
Ele abaixa e começa a enxugar sua perna, ela prende a respiração ,tudo nele é sensualidade, erotismo ou ela quem estava carente demais?
Sem notar mal respira e quando respira está ofegante.
Joaõ Adolpho a olha sabendo o que se passa, segura firme em seu braço e vai empurrando Julia contra a parede de madeira, ela não diz nada, ele levanta seu rosto - a olha no fundo dos olhos e encosta seus lábios nos dela bem de mansinho, ela mal acredita no que acontece...quem ele pensa que é?
-Como se adivinhasse o pensamento ele diz:

-Minha menina, te farei minha mulher!

Com a lingua ele abre a sua boca, penetrando suavemente aquela boca pequena, procurando a lingua e sugando, ela estremece e ele a segura mais forte invadindo a sua boca toda naquele beijo ousado e viril.
Jõao parece possuido e desce sua boca para o pescoço de Julia e a ouve gemer baixinho, vai lambendo o colo alvo e macio e suas mãos passeiam pelas coxas nuas...

Julia geme e se entrega.
Quer mais, quer tudo, precisa desse macho urgente.
Passa a mão entre as coxas dele e sente sua exitação, ele geme e a solta como se despertasse do transe.
Julia mal crê no que acontece.
Não diz nada mas sente as lágrimas cairem de seus olhos e as disfarça virando para ver os animais ao lado.

-Ele a tira de seus pensamentos dizendo:

-Venha comigo vou te mostrar a pimenta rosa.

-Julia o olha espantada e diz:

-pimenta rosa?

-Sim venha, você vai adorar.
A arrasta para fora.
Ela o segue de mãos dadas.
Sorri. Até que chegam em uma clareira e ele lhe mostra:

- veja ali a sua direita, Pimenta Rosa!

Julia não pode conter uma enorme gargalhada....

-Mas isso é uma outra história!

Syl Signoretti

Publicado no Recanto das Letras em 08/02/2006Código do texto: T109378

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